domingo, 25 de setembro de 2011

THOMAS HOBBES


THOMAS HOBBES (1588-1679) (Professor José Antônio Brazão.)

THOMAS HOBBES (1588 – 1679) (Professor José Antônio Brazão.)
Filósofo moderno inglês. Teve grande preocupação em entender as origens e os fundamentos do poder político. Em seu livro “Leviatã ou a essência, forma e poder de uma comunidade eclesiástica e civil”, de 1651, diz que o Estado surgiu a partir de um pacto estabelecido entre as pessoas, no início da formação da sociedade. Quando viviam no estado de natureza, as pessoas encontravam-se em permanente conflito, numa luta de todos contra todos. Para não se aniquilarem mutuamente ficou resolvido que todos fariam um pacto, no qual cada um entregaria o poder sobre sua pessoa e sobre sua vida a um governante comum a todos e todos fariam o mesmo.
O governante escolhido teria, portanto, um poder absoluto sobre todos os cidadãos, inclusive de vida e morte, governando com mãos de ferro, porém com a missão de garantir a vida, a liberdade e a propriedade dos governados. O governante poderia ser um indivíduo ou uma assembleia escolhida. Além do poder político, militar, jurídico, também o poder religioso.
De acordo com Hobbes, o homem é o logo do homem, ou seja, o ser humano carrega consigo uma agressividade natural, perigosa para a vida humana, mas que pode e deve ser controlada pelo Estado, através do poder do governante absoluto, que tem em suas mãos os meios para pôr ordem na sociedade e estabelecer a paz necessária ao progresso social em todos os seus sentidos – econômico, político, social, tecnológico, científico, etc. Ora, Hobbes estava vivendo numa época de grandes avanços na economia, nas ciências, nas técnicas e nas artes em geral – era o Renascimento artístico-científico-cultural.
Como se pode ver, Hobbes se mostra a favor do absolutismo. Curiosamente, na Inglaterra de seu tempo, o rei assumia o poder temporal e o poder religioso, este como chefe da Igreja Anglicana. Vale lembrar, porém, que o poder do parlamento inglês foi, aos poucos, se reforçando e ampliando. Em outros países europeus, reis e rainhas vinham tomando fortemente as rédeas do poder em suas mãos.
Para Hobbes, o poder absoluto do rei ou da assembleia é garantia de bem-estar e de organização sociais. Sabedor da natureza humana, Hobbes defende esse tipo de poder. Antes dele, o italiano Nicolau Maquiavel já havia dito aos príncipes (governantes) que não podiam confiar na bondade das pessoas, as quais poderiam mudar de lado em caso de contrariedade ou de interesses em jogo. Conforme Maquiavel, como foi visto no texto anterior, é preferível antes ser temido que amado. O temor imposto pela força militar e pela competência hábil e astuta em governar.
Pode-se ver que Hobbes e Maquiavel têm algo em comum, apesar de algumas diferenças: ambos defendem um poder estatal forte, centralizado nas mãos do governante. É claro, Maquiavel não se preocupou propriamente em entender a passagem de um estado natural para a sociedade, mas tinha, semelhante a Hobbes, uma ideia não muito boa da natureza humana – impulsos e forças existentes dentro do ser humano capazes de levar a complicações e que precisavam ser controlados caso os governantes quisessem manter o poder e levar a sucesso seus planos e projetos. Em Maquiavel, a manutenção do poder pela astúcia e pela força. Em Hobbes, através do pacto incondicional.
É interessante notar que tanto Maquiavel quanto Hobbes tocam na relação entre Estado e religião. Para Maquiavel, o príncipe deve ser astuto a ponto de saber utilizar a religião a seu favor, na manutenção e extensão do poder, reduzindo e coibindo ardilosamente a interferência religiosa sobre o poder político. Para Hobbes, o poder do governante deve incorporar, em suas mãos, o poder religioso.
Mas por que ambos pensam em controle da religião? Porque a religião forma também a consciência das pessoas, adentrando em seu viver por meio de normas e mandamentos a serem seguidos, e porque a religião, em seu tempo, interferia frequentemente no poder de reis e rainhas. Sem dúvida, Maquiavel e Hobbes queriam reforçar a obediência dos súditos e, junto com a religião, os governantes precisavam ter boa força militar, infligindo o temor necessário a todos.
Mas por que razão o nome LEVIATÃ é dado à obra mais conhecida de Hobbes? Leviatã, de acordo com a Bíblia, era um monstro marinho poderoso, que dominava sobre os mares e sobre os animais nele existentes. É claro, protegia os peixinhos. O Leviatã só pôde ser dominado por Deus. E, de acordo com Hobbes, o governante deve ser como o Leviatã, poderoso, respeitado e temido por todos, tendo que prestar contas tão somente a Deus, já que o que forma seu corpo descomunal são os corpos de todos os cidadãos do Estado, que entregaram a ele, livremente, o poder de governo sobre eles e suas vidas.
Enfim, ao governante competiria instaurar a ordem social e mantê-la com o uso do poder absoluto, uma ordem que não havia no estado de natureza e cuja inexistência, por causa dos conflitos, impedia o desenvolvimento da propriedade, das técnicas, das ciências, da tecnologia e, consequentemente, da economia e da própria vida.

REFERÊNCIAS:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u395.jhtm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/hobbes.htm
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2117
http://plato.stanford.edu/entries/hobbes/
http://plato.stanford.edu/entries/hobbes-moral/




Fonte:
http://filosofianodia-a-dia.blogspot.com/2010/08/thomas-hobbes-1588-1679-professor-jose.html

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Prefeitura vai rever internação compulsória

Operação ocorre no Rio de Janeiro para saber se método é eficaz contra drogas

Em mais uma operação condenada por entidades de direitos humanos, a SMAS (Secretaria de Municipal de Assistência Social) retirou hoje (22) 31 crianças de pontos de uso de crack na zona norte. Paralelamente, a secretaria assumia o compromisso de assinar um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público Estadual com objetivo de rever, já para a próxima semana, a maneira como as operações são feitas.

O recolhimento compulsório feito pela prefeitura fere o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e é alvo de críticas de organizações de direitos humanos. Um dos problemas é a abordagem policial, que na operação de hoje foi feita pelo 22º Batalhão da Polícia Militar e a 3º Delegacia de Polícia Civil, além da condução dos jovens às delegacias para simples averiguação, sem ser constatado flagrante.

Para impugnar esse procedimento, a Defensoria Pública ingressou com uma ação civil pública na Justiça, na terça-feira (20). Além disso, os conselhos municipais e estadual de Defesa da Criança e do Adolescente querem que a SMAS reveja o confinamento e o tratamento oferecido aos menores dependentes de drogas nas quatro casas-abrigo do município.

Segundo a secretaria, desde de maio, foram feitos 300 acolhimentos de crianças nas ruas, muitas, por mais de uma vez, inclusive em cracolândias. Atualmente, 85 estão internadas, sendo nove na unidade Casa Viva, no bairro das Laranjeiras. Hoje, a Comissão de Assuntos da Criança, Adolescente e Idosos da Assembleia Legislativa fluminense esteve no local e constatou as deficiências do local.

A presidente da comissão, a deputada Claise Zito (PSDB), disse que a casa de dois andares não tem espaço para desenvolver um trabalho de qualidade na recuperação do dependente químico. "São crianças se sentindo presas, que acabam agressivas, até pela desintoxicação. Aí a gente vê cadeiras quebradas, fechaduras e até tijolos. Eles precisam de um espaço maior, com áreas abertas, para extravasarem", declarou.

O Movimento pelo Respeito aos Direitos dos Portadores de Distúrbios Psicossociais, Familiares e Afins apresentou gravação em vídeo e depoimentos de vizinhos da Casa Viva para denunciar a situação das crianças internadas no local e cobra um "rígido" acompanhamento de profissionais de saúde, conforme recomenda os conselhos regionais de Enfermagem e de Psicologia, que visitaram os abrigos de tratamento.

Para a organização não governamental, a internação compulsória deve ser substituída urgentemente por campanhas de internação voluntária com apoio para as famílias, além de programas de prevenção ao crack.

Fonte:  http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000457726


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vaga para educador social para são paulo


Vaga para educador social

Centro Social Marista da Zona Leste de São Paulo seleciona educador social. Esse profissional irá responder pela condução das atividades com alunos de seis a 18 anos; vivência com faixa etária especificada como educador de expressão corporal, com habilidade para propor atividades, acompanhá-las e sugerir novas ações. É importante o candidato apresentar curso superior completo, preferencialmente licenciatura em dança ou experiência significativa na área.
A entidade oferece assistência médica/medicina em grupo, assistência odontológica, cesta básica e vale transporte. Faixa salarial: aproximadamente R$ 1.000,00. O regime de contratação é CLT por tempo determinado. Carga horária: 20 horas semanais. É necessário informar o interesse pelo período: manhã ou tarde.
Os interessados podem encaminhar currículo até o dia 21 de setembro de 2011 ao e-mail: rmartinelli@marista.org.br
divulgado por:   http://www.viablog.org.br/vaga-para-educador-social/

terça-feira, 20 de setembro de 2011

RESUMO :SERVIÇO SOCIAL E O CAPITALISMO DOS MONOPÓLIOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL





SERVIÇO SOCIAL E O CAPITALISMO DOS MONOPÓLIOS




ALINE CRISTINA LUCENA DOS SANTOS
MARIANNE LIMA PEREIRA
SHELLEN BATISTA GALDINO





João Pessoa/PB
JUN/2010




Trabalho apresentado à disciplina Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social II, sob orientação da Professora Nívia Cristiane Pereira, para obtenção de nota no curso de graduação de Serviço Social.



"Pensar o Serviço Social na contemporaneidade requer os olhos abertos para o mundo contemporâneo para decifrá-lo e participar da sua criação. Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Nós assistentes sociais temos ousado sonhar, lutar, resistir e apostar na história, construindo o futuro no presente".
Marilda Vilela Iamamoto (1997)

SERVIÇO SOCIAL E CAPITALISMO MONOPOLISTA


O Capitalismo dos Monopólios é a fase que sucede a fase do capitalismo concorrencial, nesta fase é necessária uma “exportação dos capitais”. Neste, ocorre a centralização e concentração ainda maior do capital. Aumentando a exploração, alienação, o “exército industrial de reserva”, a desigualdade e exclusão social. Esta época é a de agudizamento de todas as contradições inerentes ao sistema: contradições entre a relação Capital e o Trabalho, agravando e agudizando assim as expressões da “questão social”.
As reflexões do Capitalismo Monopolista nas relações sociais são pífias, levando a sociedade e o mundo à barbárie, como por exemplo: 1ª e 2ª guerra mundial, a crise econômica, exploração de países periféricos, guerra do Vietnam, holocausto, nazismo, fascismo etc. O Estado tem como função na era Imperialista, ser apenas um “comitê executivo” da burguesia, atendendo e favorecendo sempre a esta. Nas suas contradições e dinâmicas a classe dominante captura o Estado, esse passa a ser seu (da burguesia) e busca através do jogo democrático, a falsa democracia para se legitimar politicamente e ideologicamente. Em suma podemos dizer que nesta sociedade, o Estado opera para dar condições necessárias à acumulação e à valorização do capital monopolista. Conforme a ordem monopólica vai invadindo o universo dos indivíduos e da sociedade como um todo, surgem propostas para redefinições de características pessoais e como estratégias e terapias de ajustamento, partindo desse processo, o Serviço Social vai emergindo, e para atender as demandas daquela conjuntura, tinha uma atividade bastante funcionalista de “ajustar” o indivíduo ao meio.
O Serviço Social como profissão, está atrelado ao surgimento da “questão social”, orientado com condutas assistencialistas e filantrópicas, com um “alicerce” da doutrina social da Igreja Católica, ou seja, surge como resposta ao acirramento das contradições capitalistas em sua fase monopolista, para o “controle” da classe trabalhadora e a legitimação dos setores dominantes e do Estado. O serviço Social surge e se consolida com a ordem monopólica, estando relacionado também com as mazelas próprias à ordem burguesa. Sendo assim, esta profissão só se torna compreensível e histórica no âmbito da sociedade burguesa, á altura do capitalismo monopolista.
A Política Social, um dos principais meios de intervenção nas expressões da “questão social”, sendo fruto da capacidade de mobilização e organização da classe operária e do conjunto de trabalhadores, que o Estado atende a demanda como estratégia também para reproduzir e manter o sistema atual, preservando e controlando a mercadoria mais preciosa para o modo de produção capitalista, que é a força de trabalho. É como se desse "com uma mão, para tirar com a outra". A Política Social pode ser entendida também como um acordo entre a burguesia e a classe operária, por que ao mesmo tempo em que atende necessidades imediatas da classe operária, ela fragmenta e fragiliza a organização da classe operária e legitima o Estado Burguês. E com a ideologia neoliberal, que só fortalece o sistema capitalista, a perspectiva de cupabilização do sujeito é cada vez mais utilizada, descartando a conjuntura e fragilidade do próprio sistema, que em sua contradição, produz riqueza excedente, porém esta fica concentrada e centralizada nas mãos de poucos, enquanto muitos ficam “as margens” do sistema.


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Bernadete de Lourdes Figueiredo de. A Emersão e o Trato da “Questão Social”: do âmbito do privado a sua estatização. João Pessoa/PB: UFPB/ CCHLA/ DSS, 2007 (versão revisada)
MANDEL, Ernest. Introdução ao Marxismo. Tradução de Mariano Soares. Porto Alegre: Editora Movimento, 1982
NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1992.
FONTES: http://plaggiado.blogspot.com/2010/07/resumo-sobre-capitalismo-monopolista-e.html

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Weber, filósofo da modernidade

                               Weber

I.
Nietzsche e Marx foram os pensadores do século XIX que mais se aproximaram daquilo que, em geral, vemos como o pensador típico do século XX. Eles fizeram filosofia relacionando-a com o pensamento social. Essa maneira de filosofar criou o que, no século XX, deu origem a uma filosofia diferente, a chamada filosofia social.
Ambos atacaram a filosofia, ou o que se entendia como filosofia até então, a metafísica. Arrebanhando para sua argumentação filosófica aspectos sociológicos, históricos e antropológicos, Nietzsche criou uma filosofia da história e uma tipologia, e se serviu de ambas para gerar uma abordagem da linguagem a partir da filosofia social. Por sua vez, Marx não queria falar da metafísica de um modo exclusivamente teórico; ele entendia que todo o ideal da boa vida, pregado pela filosofia desde seu nascedouro, se realizaria praticamente se houvesse uma revolução social para além das revoluções que ele assistiu – a revolução capaz de extinguir as classes sociais. Em outras palavras: a filosofia se realizaria por meio da história e, assim, chegaria ao fim.
Assim, quanto a alvos e até mesmo quanto aos meios, Nietzsche e Marx foram bem diferentes. Mas quanto ao “espírito do século XIX”, ambos comungaram da idéia de que o pensador social era o coração que deveria estar no peito do pensador tout court. Mais do que gostaríamos, Marx e Nietzsche viveram no século de Augusto Comte. A idéia de uma “ciência da sociedade” ou de uma “filosofia social” pairou nos céus do século XIX, e foi por aí que figuras como Marx e Nietzsche abriram para Sartre, Dewey, Adorno e tantos outros uma regra de conduta que, desde Sócrates, estava no encalço da filosofia. Cícero escreveu que Sócrates fez a filosofia descer dos Céus à Terra. Mas, o feito de Sócrates foi realmente um feito nas mãos de Marx e Nietzsche. Só então a filosofia cumpriu esse programa socrático de pouso.
A filosofia do século XIX, toda ela, foi uma filosofia mensurada a partir de sua proximidade ou distância para com o que parecia ser o seu destino, o de ser filosofia social. Aos filósofos do século XX não foi dado o direito de não se envolver com a vida social. Mesmo a filosofia analítica não conseguiu ficar alheia a isso. Tornou-se lugar comum no século XX ver o existencialismo, o pragmatismo, a Escola de Frankfurt, o estruturalismo, o neotomismo e tantas outras correntes da filosofia não terem apenas uma visão específica relativa ao conjunto chamado “ética e política”, mas, antes disso, tentarem se referir a problemas filosóficos típicos com a ajuda de parâmetros e elementos vindos da sociologia, antropologia e história.
Max Weber se insere perfeitamente no centro desse movimento, como figura que viveu a transição do século XIX para o XX. Todavia, ele fez uma espécie de caminho inverso da maioria dos pensadores que lhe deram asas ou que colheram nele algum alimento. Weber não foi o filósofo que se transformou em filósofo social, ele foi o sociólogo que tinha vocação para a filosofia – a filosofia social, com certeza.
Talvez por isso, Weber tenha se tornado o mais filosófico dos sociólogos, mas não pelo que queria escrever ou pelo que queria pesquisar. Ele assim se fez porque escreveu sociologia como se ela não pudesse ser outra coisa que não filosofia social. Talvez tenha sido Weber, e não Marx e Nietzsche, ou Comte e Durkheim, o verdadeiro fundador da filosofia social. Quem sabe não possamos dizer que Weber foi, antes que Dewey, Adorno ou Sartre, o verdadeiro criador da filosofia social. Weber agiu assim de dois modos. Primeiro, transformou seu neokantismo em uma epistemologia própria para sua sociologia. Segundo, transformou sua compreensão sociológica da modernidade em um quadro filosófico dos tempos modernos.
No que segue, falarei de modo breve sobre esses dois pontos. Serei altamente sucinto quanto ao primeiro ponto, o tema da epistemologia. Terei mais tempo, então, para a visão de Weber a respeito da modernidade. Pois penso que é exatamente neste segundo campo que Weber deixou sua marca de pensador social para a filosofia social que se espraiou pelo século XX.
II.
A respeito da epistemologia, Weber deixou claro que ele entendia que o porto seguro do conhecimento não era o ponto de partida, como afirmava o positivismo francês. O ponto de partida não deveria ser visto como o do agente cognitivo com esquemas capazes de se deparar com os “dados da realidade” de forma bruta. O ponto de partida teria de ser entendido como o do agente cognitivo colocando seus esquemas de apreensão sobre a realidade, e construindo então os “dados” a partir de esquemas já alterados pela própria forma interação com a realidade social.
Assim, a objetividade deveria ser grafada deste modo: “objetividade”, com aspas. Com isso, Weber queria mostrar que a concordância teórica ao final de uma investigação não era nada natural, e sim um esforço compreensivo grande, uma vez que agentes diferentes partiam de pontos de vista diferentes.
Na época de Weber, e também depois, esse seu neokantismo, esse seu, por assim dizer, idealismo, trouxe para o pensamento alemão uma marca característica. Weber ficou conhecido como historicista e sua sociologia passou a ter o nome de “compreensiva”. Os manuais se cansaram de expor tais características, e no decorrer do século evoluíram no sentido de apresentar Weber como o contraponto de Durkheim, para quem a sociologia era antes explicativa que compreensiva. Os “fatos sociais” deveriam ser tratados como “coisas”, como objetos naturais que, na visão positivista clássica, não poderiam ser “construídos”, e seriam realmente dados – dados brutos.
Talvez essa forma de Weber trabalhar, o da sociologia compreensiva, o tenha feito prestar mais atenção às cosmovisões de cada pessoa que quer “ler a realidade”. E, então, por isso mesmo, ele se viu impulsionado a tecer considerações sobre a modernidade como um tema singular. A própria concepção do que é o moderno seria, de certo modo, o ponto de partida de uma visão de mundo, exatamente o esquema que iria construir o “fato social”.
III.
Não há em Weber um texto cujo objetivo é descrever a modernidade. A compreensão que tiramos de Weber a respeito dos tempos modernos depende de uma leitura geral de vários de seus trabalhos. A visão da modernidade fornecida por Weber, e que é o que a filosofia do século XX mais absorveu, pode ser posta sobre quatro expressões: 1) “Separações das esferas de valor”; 2) “desencantamento do mundo”; 3) “burocratização das instituições”; 4) a modernidade cria “o especialista sem inteligência e o hedonista sem coração”.
Comentando cada uma dessas expressões, terminaremos por compor o quadro da modernidade fornecido por Weber para os filósofos do século XX e, ao mesmo tempo, estaremos fornecendo a filosofia social do pensador Max Weber.
1. Separação de esferas de valor
Weber não fala em esferas de valor em oposição a esferas de fatos. Weber trata todas as esferas de atuação humana como esferas de valor. O que são essas “esferas”? Simplesmente isto: são os campos das atividades humanas centrais. Basicamente três: a esfera da ciência e da técnica, a esfera da arte e a esfera da moral. Ele segue a tríade kantiana: conhecimento teórico, apreciação estética, normatividade ético-moral.
Weber lembra que todas essas esferas, no Ocidente pré-moderno, estão articuladas sob o imã da religião. A modernidade se configura quando essa imantação perde a força, e então cada uma dessas áreas da atividade humana ganha autonomia e se separa uma da outra. Há uma independência entre tais esferas. O próprio trabalho de Kant, ao falar do homem como ser transcendental, que é uma consciência que deve ser analisada em três campos, já se mostra ela mesma, tal obra, como fruto da modernidade.
Assim, a modernidade é a época em que o conhecimento e as teorias se fazem a partir de diretrizes intrínsecas, e não mais em função de uma cosmovisão específica, como a cosmovisão religiosa. Ao mesmo tempo, a moral passa a ser uma moral laica, antes regrada pela cidade e pela profissão do que por qualquer ordenação de doutrinas que seriam fornecidas pelas divindades. Não à toa, também em Kant, nasce a idéia de que a virtude é algo do âmbito específico da consciência, e que o ser moral não precisa de uma religião para se comportar moralmente. O equivalente ocorre com a arte, que passa a retratar o mundo e, enfim, a ficcionar o mundo. A idéia de uma arte que é arte por representar os feitos do cristianismo perdem a razão de ser. A arte fica em função do belo, e o belo é visto por Kant, por exemplo, como o que é da ordem do desinteresse.
Nos tempos modernos a ciência, a arte e a moral andam pelas suas próprias pernas. Paulatinamente se desgarram do que lhes dava unidade e, nesta unidade, sentido. A religião, em especial o cristianismo, é a fonte de sentido dessa unidade. A modernidade se faz como modernidade na medida em que essa unidade não se verifica mais na vida dos homens. E então, não raro, vários deles, individualmente, sentem o peso da perda de sentido. Do final do século XIX até os dias de hoje, encontramos pessoas que lamentam a “vida sem sentido” provocada pelos “tempos modernos”. O senso comum e a mentalidade popular sabem bem expressar isso que é a separação e autonomia das esferas de valor, como tudo isso é posto, em forma erudita, no pensamento social de Weber – sua caracterização da vida moderna.

2. Desencantamento do mundo
Às vezes encontramos leitores de Weber que exageram no entendimento da expressão “desencantamento do mundo”. Eles tomam a idéia de modernidade segundo a característica da “perda de sentido”, e então falam do “desencantamento do mundo” como uma espécie de sentimento subjetivo-individual de angústia, de desespero. Mas não é assim que Weber utilizou a expressão.
“Desencantamento do mundo” é, em Weber, a expressão que caracteriza uma situação geral que se abate sobre o homem que, se age segundo tal ordenação, pode ser chamado de homem moderno.
Em oposição ao homem não moderno, o moderno é aquele que olha para tudo que há ao seu redor, e também para si mesmo, como sendo regido ou por causa e efeito ou por razões. Tudo é naturalizado. Aquilo que não pode ser explicado ou compreendido na base de relações causais ou relações racionais não é misterioso. Uma vez que não pode ser explicado, isso se deve a duas circunstâncias: ou porque quem quer explicar não foi educado para explicar ou porque a ciência ainda não encontrou razões ou causas para tal. Então, ou por educação individual ou pelo progresso da ciência, o que deve ser explicado será, a qualquer momento, explicado. Deuses, gênios, demônios, forças extra-naturais e assim por diante caem fora do horizonte do homem, e então ele é, de fato, um homem moderno.
É claro que um homem moderno pode ter uma mentalidade arcaica. É isso que o faz tomar remédios e, ao mesmo tempo, fazer simpatias. Mas não é o fato de termos mais gente do primeiro tipo que gente do segundo tipo que definimos se estamos ou não na modernidade. O que vale é que o que impera nas nossas relações, como fator preponderante, é que levamos a sério a idéia de um mundo a nossa volta que não funciona senão por relações que não são nem um pouco mágicas. O encanto ou o enfeitiçamento do mundo cai por terra aos nossos olhos. Quando isso ocorre, a modernidade já bateu à nossa porta.
3. Burocratização das instituições
Em um mundo em que as relações entre os homens e as relações entre os homens e a as coisas são todas passíveis de serem expostas segundo um relato racional, por qual motivo se haveria de ficar sujeito ao acaso? As chances de previsibilidade e controle se tornam muito mais concretas, ou ao menos plausíveis. Para tal, as instituições privadas e públicas, as empresas e, enfim, o Estado, devem ser regrados segundo um plano administrativo.
O plano administrativo tipicamente moderno é potencializado pela racionalização das ações. A racionalidade que Weber toma como a racionalidade tout court é aquela da ação levada a cabo através dos meios mais econômicos. Então, a racionalização da administração é posta em prática na medida em que idiossincrasias e gostos pessoais ficam de lado, cedendo espaço para atividades de rendimento ótimo. Nada melhor que uma burocracia profissional, completamente impessoal, para realizar tal façanha.
A burocratização torna-se o caminho pelo qual as instituições e o Estado se permitem chamar de entidades racionais. O mundo do trabalho é produto e produtor desse tipo de racionalidade que, com a burocratização das relações, se torna um mundo que promete realizar o ideal de Comte: “prever para prover”. O mundo em que esse lema se torna verdadeiro é o mundo moderno.
4. Especialista sem inteligência, hedonista sem coração
As conseqüências psico-sociais da “perda de sentido” e da “burocratização” produzem o típico homem moderno, caracterizado por Weber como “o especialista sem inteligência e o hedonista sem coração”.
Essa figura típica é encontrada por nós em todos os lugares. Não raro, quando nos olhamos no espelho, somos capazes de nos reconhecermos nessa figura. Temos um saber profissional que se revela como um know how especial. Precisamos de ser experts em algo para sobrevivermos no mundo moderno. Isto é, o que nos faz aproveitáveis na vida moderna é nossa capacidade de sermos racionais ao máximo, e nossa profissão espelha isso. Ou somos aqueles que sabem mais de muito pouco, ou simplesmente somos chamados de diletantes e, então, somos colocados à margem do trabalho. Não temos que ter inteligência. Temos de ser experts.
Nossa condição de experts, em um mundo sem sentido, em que tudo é regido pela capacidade de fazermos a relações não saírem de seu traçado racional, nos tornamos capazes de viver o momento, sem grandes preocupações com o futuro. O futuro virá, e ele será bom, acreditamos nisso. Nossa crença está baseada na idéia de que nada pode ocorrer de diferente no mundo se seguirmos os procedimentos racionais e burocratizados. Então, cada minuto pode ser vivido, cada dia pode ser aproveitado, tudo que temos nas mãos é algo para aproveitarmos ao máximo e, então, descartarmos. Vivemos, sim, um tipo de hedonismo. Mas é um hedonismo caricato, pois nosso coração é incapaz de se regozijar com nossa ampliada capacidade de usufruir dos bens que geramos e novos caminhos que abrimos. Não temos o coração educado para a verdadeira doutrina do hedonismo.
Podemos ficar horas na praia, como nenhum outro homem do passado conseguiu ficar, uma vez que tinha de parar sua vida para voltar ao trabalho, ou seja, garantir os meios de sobrevivência; todavia, todo esse tempo que ficamos na praia, nos sentimos entediados se não temos nosso laptop conectado por meio de algum wireless. Nosso hedonismo é um sintoma moderno, não o aprendizado da doutrina de Epicuro.
IV.
Essas características apresentadas por Weber postas pelos sociólogos – bem mais do que pelos filósofos – como atreladas ao “paradigma do trabalho”, que seria o modelo teórico pelo qual teríamos de enxergar a sociedade moderna.
Entretanto, atualmente a filosofia social imagina que deve absorver o “paradigma da linguagem”, colocando em Banho-Maria o “paradigma do trabalho”. Não poderia ser diferente, uma vez que temos dúvida de se estamos, ainda, vivendo a modernidade. Associamos o “paradigma do trabalho” à modernidade. Agora, que o trabalho parece não ser o imã de nossa sociedade, e a idéia de trabalho parece não ajudar muito para descrever nossas relações sociais , alguns de nós diz que vivemos não só na sociedade pós-trabalho, mas na sociedade pós-moderna.
Todavia, não precisaríamos pensar em “paradigma do trabalho” ou “da linguagem”. Podemos pensar que ainda vivemos na modernidade ou que vivemos em uma situação pós-moderna. Essas questões, para o que quero dizer de Weber e de sua atualidade, são bem menos importantes do que pensam uma boa parte dos sociólogos.
Desde o início dos anos oitenta do século XX temos procurado saber se estamos ou não no campo que, até então, entendíamos ser o “campo moderno”. Mas, independentemente dos resultados desse debate, é difícil descartar essas quatro características postas acima, traçadas por Weber para falar da modernidade, como o que somos obrigados a manter na mira e entender se quisermos compreender o nosso mundo, seja lá qual for este mundo. Mesmo para aqueles que apostam que há traços pós-modernos em nossa vida ocidental que não podem mais ser negados, é difícil descartar esses elementos descritivos de Weber. A modernidade pode ir embora, pode desaparecer e, enfim, no campo teórico, podemos acreditar que o melhor seria deixar para trás o “paradigma do trabalho”. Mas, será que não podemos levar para o mundo pós-moderno esses elementos de Weber? Será que não temos que levar?
Essa pergunta faz sentido. E justamente por ela fazer sentido, nós podemos dizer que a filosofia social gerada por Weber tem uma sobrevida maior do que ele próprio, talvez, tenha imaginado que conseguiria. Esses quatro elementos, que Weber usou para descrever a modernidade, podem se readaptados para descrever uma sociedade em que o trabalho não é mais nem fato central nem categoria teórica fundamental. Não nos vemos obrigados a ficar rodando o cadáver do “paradigma do trabalho” para não deixar o espírito de Weber ir embora. Podemos enterrar o cadáver. Weber e sua caracterização da vida moderna parece, agora, não uma caracterização da vida moderna, e sim um panorama amplo que a filosofia social tem para oferecer para nossas reflexões acerca até mesmo de uma sociedade que já não pode mais ser descrita, exclusivamente, como sociedade moderna. É como se o moderno, em Weber, tivesse adquirido uma tipo de caráter mais amplo que o do “paradigma do trabalho” ou mesmo o da noção de modernidade. E se isso é correto, mais ainda, então, vamos ter Weber como filósofo – filósofo social, sem dúvida, mas, por isso mesmo, filósofo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Questão Social


                            O que é Questão Social?


 Dentro do universo do Serviço Social fala-se constantemente em questão social. Mas o que significa questão social, como surgiu e quais são suas expressões?


A "expressão  “questão social”, tem um histórico recente, começou a ser utilizada na terceira década do século XIX,  surge para nomear o fenômeno do  pauperismo. A pauperização da população trabalhadora   é  o resultado  do capitalismo industrial  e crescia  da mesma maneira que aumentava a produção”,segundo Netto (2001 p.42 ).

Questão social é produto e expressão da contradição entre capital e  trabalho.

O complexo da questão social é um desafio histórico estrutural, que resulta das contradições concretas entre capital e trabalho, a partir do moderno processo de industrialização capitalista, tendo como determinantes o empobrecimento da classe trabalhadora, a consciência dessa classe e a luta política dessa classe contra seus  opressores.

Essa contradição é oriunda  do desenvolvimento da sociedade, em que o homem tem acesso à cultura, natureza, ciência e às forças produtivas do trabalho  social; e do outro lado, cresce a distância entre concentração/acumulação de capital  e aumenta a miséria, a pauperização.

Vejamos  algumas questões objetivas e subjetivas para o surgimento da questão social:

Questões objetivas para o surgimento da questão social:

→ Surgimento de novos problemas  vinculados às modernas condições de trabalho urbano;
→ Aparecimento da burguesia e proletariado;
→ Introdução de uma nova forma de exploração, diferente da escravista e feudal, escondida na produção  ( liberdade);
→ Pauperização  crescente da classe trabalhadora

Questões subjetivas  para o surgimento da  questão   social:

→ Consciência da classe trabalhadora de sua situação  de exploração, permitindo que passasse de uma “classe em  si “  a uma classe “para  si “, impondo os  seus interesses;
→ Organização dos trabalhadores  para encontrar  respostas  às suas necessidades sociais;
→ Inclusão das demandas dos trabalhadores no discurso dos  políticos, classe dominante, como uma questão que ameaçava a coesão social.
→ Reconhecimento que o pauperismo era um fato histórico, produzido e reproduzido socialmente, passível de enfrentamento e superação.
→ Pressão dos trabalhadores para uma regulação baseada na cidadania.

Fica claro que a industrialização, acompanhada da urbanização, constituiu o processo desencadeador da questão  social, em que as relações  sociais e econômicas  pré-industriais foram desmanteladas pelo avanço das forças  produtivas que respondem primariamente pelas mudanças estruturais.  A pobreza, para ser a pré-condição estrutural da questão social,  precisou ser politicamente problematizada.

Segundo Pereira (2003 p. 119)  “[...] os graves desafios atuais são  produtos  da mesma contradição  entre capital e trabalho, que gerou a questão social no século XIX,  mas que,  contemporaneamente, assumiram enormes proporções e não foram suficientemente problematizados.”

Desse modo, a questão  social só se torna “questão   social”  quando ela  for  problematizada  o suficiente, reconhecida e assumida por um dos setores da sociedade, com o objetivo de enfrentá-la, torná-la pública e de transformá-la em demanda política, no sentido   de  “resolver”    o  problema. Não basta reconhecê-la enquanto realidade bruta da pobreza e da miséria; é preciso ser problematizada em seus dilemas, mas no cenário da crise do nosso Estado de bem-estar, da justiça  social, do papel do Estado e do sentido da responsabilidade  pública.

Assim,  a questão social só se apresenta em suas  objetivações, em projetos que determinam  prioritariamente o capital sobre o trabalho, em que o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida para a população.

E as  consequências da apropriação desigual do produto  social são as  mais diversas:

→ Desemprego;
→ Analfabetismo;
→ Fome;
→ Violência;
→ Favelas, entre outros.

É nesse contexto  que trabalham os assistentes  sociais  com  a questão social, nas mais variadas  expressões cotidianas, e como  os  sujeitos a vivenciam no trabalho, família, habitação, saúde, assistência  social, no acesso aos serviços públicos etc.

Hoje, é um dos desafios do assistente  social que  precisa apreender a questão social  e  perceber  as  inúmeras formas de pressão  social, de  construção e reconstrução da vida  cotidiana, pois é no presente  que  são recriadas   novas maneiras de viver,  que indicam  um futuro  que está  iniciando, justamente em um momento em que o  gênero humano  é individualista e  desmotivado em um universo da mercantilização universal.

 Destacamos também  o cenário  em que se insere o Serviço Social hoje, como afirma  Iamamoto (2004, p. 29 ) :
 
 “[...] as novas bases de produção da questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho  cotidiano do assistente  social.”
 
 Segundo Arcoverde, (1999, p. 79 ) os profissionais precisam  decifrar as mediações que na atualidade permeiam a questão social, desfazendo seus nós. E, procuram dar visibilidade às formas de resistência e lutas por vezes ocultas, mas presentes na realidade.

 É na base  da produção capitalista que se  produz e reproduz a questão social, onde os assistentes  sociais trabalham junto aos indivíduos . E  é no contexto  do trabalho  que  a questão  social  iniciou, se manifestou e até hoje  se permeia.

É  preciso  decifrar os determinantes  e as múltiplas expressões da  questão  social. Esta, encontra-se enraizada na contradição  fundamental que demarca essa sociedade, assumindo novas formas  a cada época.

O profissional de  serviço  social  precisa estar atento às  constantes mudanças, sejam elas econômicas, sociais e/ou culturais, pois são fatores que favorecem ou desafiam a nossa atuação  profissional. Com conhecimento teórico metodológico, conseguimos analisar a conjuntura  para uma atuação técnico-operativa eficaz nesse modelo  neoliberal  contemporâneo.

 Não basta criticar. É através da intervenção profissional, da observação, do levantamento de indicadores, da problematização da questão  social que surgirão novas políticas para a “solução”  dos problemas.


BIBLIOGRAFIA
CASTELL, Robert. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. 6 ed. Petrópolis, 1998.
FERREIRA, A.B.H. Mini Aurélio. Miniaurelio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
IAMAMOTO, M.V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2004.
NETO, J. P. Cinco  Notas a Propósito da “Questão Social “. In: Revista  Temoralis  nº 3. ABEPSS, 2003.
PEREIRA, Potyara, A. Perspectivas  teóricas sobre a questão social no serviço  social. In: Revista  Temoralis CFESS,2003.

ARCOVERDE, Ana  C.B. Questão Social no Brasil e Serviço Social.Capacitação em Serviço Social e política Social , Brasília, EAD 1999.
CASTELL, Robert. As  metamorfoses da questão  social. Uma crônica  do salário. Editora  vozes, 6 ed. 1998.
IAMAMOTO, Marilda V. A questão social no capitalismo. Revista  Temporalis, nº 3, 2001 abepss
______. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional.7 ed. São  Paulo, Cortez: 2004
PERERIA. A.P. Questão Social, Serviço Social e Direitos de Cidadania. Revista Temporalis  nº 3, 2001 abepss

BIBLIOGRAFIA  COMPLEMENTAR
NETTO, Jose Paulo; Braz, Marcelo. Economia Política: uma introdução critica. 3 ed. São Paulo, Cortez, 2007.
PASTORINI, Alejandra. A categoria “questão social” em debate. São Paulo, Cortez, 2004.
STEIN, R. “A (nova) questão social e as estratégias de seu enfrentamento”. Ser Social nº 6. Revista do programa de Pós Graduação em Política Social. UNB.DF, Jan a jun. 2000, p. 133-168.
YASBEK, Maria Carmelita. Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no Brasil. In: Revista  Temoralis  nº 3. ABEPSS, 2003.

Fontes:http://servicosocial-erenilza.blogspot.com ;

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Alerj aprova organizações sociais nas unidades de saúde

Sob protesto, Alerj aprova organizações sociais nas unidades de saúde
 
 
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, por 49 votos a 12, a lei que permite a participação das Organizações Sociais nas unidades de saúde do estado. Semelhante ao sistema implantado em São Paulo, o processo é considerado por servidores públicos da categoria como a privatização da saúde pública.
Antes da votação, centenas de manifestantes causaram confusão no entorno da Casa. Servidores tentavam acompanhar o processo para pressionar os parlamentares, mas foram contidos pela segurança quando a Alerj alcançou a lotação máxima. Revoltados, eles tentaram invadir o local, mas foram contidos por policiais militares.
Policiais militares impedem manifestantes de invadir a Alerj antes da votação
Policiais militares impedem manifestantes de invadir a Alerj antes da votação
Revoltados com a votação, alguns deputados de oposição criticaram a aprovação da lei e o tratamento dado aos manifestantes. O deputado Paulo Ramos (PDT) ressaltou que a medida é um passo rumo a privatização.
"Quatro anos do governo Cabral sucateando a Saúde para poder privatizá-la. Eu voto contra as Organizações Sociais", disse o parlamentar. "Os policiais já usaram até spray de pimenta para conter os manifestantes".

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ILHA DAS FLORES de Jorge Furtado com a temática do direito à comunicação.



Vídeo produzido pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung remonta o curta ILHA DAS FLORES de Jorge Furtado com a temática do direito à comunicação. A obra faz um retrato da concentração dos meios de comunicação existente no Brasil.

Roteiro, direção e edição: Pedro Ekman
Produção executiva e produção de elenco: Daniele Ricieri
Direção de Fotografia e câmera: Thomas Miguez
Direção de Arte: Anna Luiza Marques
Produção de Locação: Diogo Moyses
Produção de Arte: Bia Barbosa
Pesquisa de imagens: Miriam Duenhas
Pesquisa de vídeos: Natália Rodrigues
Animações: Pedro Ekman
Voz: José Rubens Chachá

CC - Alguns direitos reservados
Você pode copiar, distribuir, exibir e executar a obra livremente com finalidades não comerciais.
Você pode alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta.
Você deve dar crédito ao autor original.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ILHA DAS FLORES

O documentário apresentado a seguir se trata de uma produção clássica de 1989, Gaúcha, entitulada Ilha das Flores.
A impressão que dá ao assistir a esse vídeo é que um extra-terrestre está tentando entender o funcionamento de nossa sociedade, do capitalismo. Um humor extremamente inteligente aliado ao um soco no estômago faz com que vejamos nossa sociedade – capitalista - com outros olhos.


Confusão na Uerj

oglobo.globo.com
O Globo Online :: Multimídia :: Confusão na Uerj
Foto do momento exato de um segurança da UERJ dando soco no rosto de um aluno. Não é a mão de um segurança,mas sim da politica educacional de Cabral e de Vieiralves. Este reitor acaba de rasgar o estatuto da UERJ, ao por em risco, com suas ordens, a segurança física do maior patrimônio da universidade, os seus alunos. http://oglobo.globo.com/rio/fotogaleria/2011/15470/
 

"Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível"

PLÍNIO DELPHINO

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da
"invisibilidade pública". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam
apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse
critério, vira mera sombra social

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito
anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou
que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis,
sem nome".

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da
"invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente
prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se
somente a função e não a pessoa.

Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R
$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de
sua vida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari,
pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica
o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um
ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam
por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no
meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se
tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.

Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações
diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga.. E
encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.

DIÁRIO - Como é que você teve essa idéia?

Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor
José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de
avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de
atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica.
Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Com que objetivo?

A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho
deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou
seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos
dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado
agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que
se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são
essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?

Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um
estudante fazendo pesquisa?

Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá
eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário,
recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram
logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são
pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo,
mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos
também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes,
como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o
nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essa
diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Dê um exemplo?

Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um
dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade,
subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O
sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas
situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de
passar, virou-se pra mim e começou a falar: "É Fernando, quando o sujeito
vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão
anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só
ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo
percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não.
Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na
mão."

Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era
diferente?

Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de
trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari.
Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados
na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem
ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu
fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na
caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente.
As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava
reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um
serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a
vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a
dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem
socioeconômica deles.

Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?

Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Eles testaram você?

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa
térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca.. Havia
um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo
rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para
ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de
refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha
suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles
se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas,
intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações
ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma
lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento
em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para
assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a
beber nessa caneca?'
E
eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a
conversar comigo, a contar piada, brincar.

"Essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa"


O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu
entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar
térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci
a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a
lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém
em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia
como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se
ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da
comida voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a
situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando
- professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia
trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um
poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está
inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que
essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens
hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas
periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão
de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do
que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como
se fossem uma coisa...
livro fruto desta pesquisa:

Livro - Homens Invisiveis - Fernando Braga Da Costa



Livro - Homens Invisiveis

SOCIALIZANDO



PARA AMPLA DIVULGAÇÃO
ENTRADA GRATUITA

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Atualmente a Escola Virtual da CGU disponibiliza os seguintes cursos:

Controle Social e Cidadania
Destinado a conselheiros, representantes de organizações não governamentais, lideranças comunitárias e cidadãos em geral, este curso trabalha questões relativas ao exercício da cidadania e, em especial, do controle social da administração pública.
Inscrições para a 13ª edição, a partir das 10h de 19/10/2011, confira!

Controle Social do Fundeb
Curso auto-instrucional (sem tutoria) destinado a membros dos conselhos de educação e outros profissionais da área, interessados no tema. O curso apresenta a legislação e os conceitos básicos relativos ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

                       Inscrições para a 6ª edição, a partir das 10h de 20/09/2011, confira!

Licitações e Contratos Administrativos
Destinado a servidores públicos que atuam nos processos de compras públicas, especialmente no âmbito Municipal, o curso apresenta conceitos e dispositivos constantes da Lei 8.666/93 e legislação correlata.
 Início das inscrições para a 7ª edição, a partir das 10h 20/09/2011, confira!


 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AGENDA

  • Marxismo e Subjetividade Humana Local: Rio de Janeiro - RJ
    Data: 15/09/11
    Tipo de Evento: Seminário
    Entidade Promotora: Projeto Transversões - PPGSS/UFRJ
    Custo: gratuito
    Maiores Informações: http://www.ess.ufrj.br

  • V Seminário Seguridade Social, Justiça Social e Cidadania: A saúde mental nos caminhos da cidadania Local: Rio de Janeiro - RJ
    Data: 21/09/11
    Tipo de Evento: Seminário
    Entidade Promotora: Justiça Federal do RJ e UFF
    Inscrições: no local
    Custo: gratuito
    Maiores Informações: sapje@jfrj.jus.br


  • Colóquio Nacional: Marx e o Marxismo 2011 Local: Niterói - RJ
    Data: 28/11/11
    Tipo de Evento: Colóquio
    Entidade Promotora: NIEP-Marx/ UFF
    Inscrições: A partir de 08 de agosto
    Custo: Valores diversificados
    Maiores Informações: http://www.uff.br/niepmarxmarxismo/MM2011/marxmarxismo2011.htm
    Observações: Local: Universidade Federal Fluminense, Campus do Gragoatá.